Os Sertões, De Cunha, Euclides Da. Editora Ubu, Capa Mole, Edição 2ª Edição - 2019 Em Português

Descrição

Os Sertões" é um marco nos estudos sobre a formação do imaginário nacional, ao lado de obras como "Casa-grande e senzala" e "Raízes do Brasil". Escrito a partir de um trabalho jornalístico sobre a rebelião de Canudos, liderada por Antonio Conselheiro e duramente reprimida pelo governo, a obra de Euclides da Cunha baseia-se em teorias deterministas da época para abordar a influência do meio sobre o homem. A estrutura dos capítulos – "A Terra", "O Homem", "A Luta" – reflete essa abordagem científica.

A riqueza do livro também reside na mudança de opinião do autor, que inicialmente via com maus olhos a revolta dos defensores da monarquia. Movido por um espírito patriótico e republicano, e alinhado à elite letrada da época, Euclides da Cunha não tolerava a insurgência de um grupo que considerava uma ameaça ao projeto civilizatório do Brasil, cujo ideal positivista de "ordem e progresso" era o lema.

Difícil de classificar devido à sua mescla de jornalismo, literatura e estudo sociológico, "Os Sertões" antecipa temas-chave do Modernismo e deixa como legado a incorporação do ponto de vista local – neste caso, do Brasil profundo –, por meio de uma linguagem grandiosa e repleta de contrastes. A frase "O sertanejo é, antes de tudo, um forte" impôs um novo modo de pensar o brasileiro, tornando-se uma referência histórica para as discussões sobre identidade nacional.

Esta edição inclui o texto estabelecido por Walnice Nogueira Galvão, uma extensa fortuna crítica, as cadernetas de campo de Euclides da Cunha e um conjunto de imagens de Flávio de Barros, o único registro fotográfico conhecido do conflito.