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Características principais

Título do livro
SERTÃO, SERTÕES
Subtítulo do livro
REPENSANDO CONTRADIÇÕES, RECONSTRUINDO VEREDAS
Autor
-
Idioma
-
Editora do livro
ELEFANTE EDITORA
Edição do livro
1ª EDIÇÃO - 2019
Capa do livro
Mole
Marca
Elefante Editora
Modelo
Modelo Padrão

Outras características

  • Quantidade de páginas: 232

  • Gênero do livro: Ciências Humanas e Sociais

  • Tipo de narração: Manual

  • ISBN: 8593115330

Descrição

Canudos — sua gente, sua terra, suas lutas, seus dissensos instauradores — continua em disputa. Se Canudos e os conselheiristas foram feitos inimigos da República brasileira, do progresso e do desenvolvimento, seus sobreviventes — sobreviventes, não vítimas — espalharam-se como sementes de resistência. Por isso, voltamos a Canudos e às suas lutas. Não para reconstruir o tempo de Antonio Conselheiro como monumento imóvel e petrificado. Trata-se de reconhecer, lá e aqui, o esforço de reavivar “as centelhas da esperança” acesas pela tradição de rebeldia dos pobres, dos trabalhadores, dos oprimidos, que, ao escavar a própria história, vão construindo um modo de ser e de existir que permita romper com as dominações. Voltamos a Canudos, ao sertão e a seus múltiplos sentidos, disputando e contrarrestando os significados impostos desde fora como monumento-barbárie que consolidaram a visão dicotômica e dual entre o sertão e o Brasil. Se o sertão virou o Outro do Brasil, estamos somados a muitas outras Canudos no esforço de ressignificar e renomear o próprio Brasil. […] Este livro se pretende parte do diálogo e da disputa. É uma aposta: somente a tradição dos oprimidos, repensando contradições e reconstruindo veredas, será capaz de despertar as centelhas da esperança por uma vida vivida como construção compartilhada da utopia. Canudos resiste, lá e aqui. No mais de século que nos distancia da guerra de Canudos, vimos a modernização capitalista completar um ciclo inteiro. Canudos representava a resistência a uma modernização econômica em ascensão que precisava subsumir tudo à sua lógica, e que tinha no Estado seu instrumento privilegiado. Já as cidadelas-mundéis de hoje e os Estados de configuração híbrida — Estados-máfia ou Estados-milícia — são sintomas de sua fase descendente, formas de uma modernização em colapso. A forma mais extrema desse colapso é, sem dúvida, a ambiental, na qual a manipulação do mundo concreto em prol da acumulação de valor abstrato vem cobrar sua dívida imperdoável. Afinal, não só o homem cobra suas dívidas, mas também a terra. Não sem certa ironia, a crise ambiental tem se manifestado nas últimas décadas através de grandes períodos de estiagem. As águas estão secando. Os níveis das represas, baixando. O Açude Cocorobó já não consegue ocultar como antes a planície rugosa de Canudos, e os escombros formidáveis do Arraial do Belo Monte, pouco a pouco, dão-se a ver. — Gabriel Ferreira Zacarias, no posfácio